Voz da Póvoa
 
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“A Prudência Morreu de Velha” com a Companhia Certa

“A Prudência Morreu de Velha” com a Companhia Certa

Cultura | 14 Janeiro 2022

A frase é elucidativa “Hoje em dia se uma pessoa quer sobreviver, acima de tudo tem que ser prudente!” quem o diz é Maria do Desterro.

A peça “A Prudência Morreu de Velha” abriu, no sábado, a temporada teatral do Varazim Teatro e fez correr a cortina do palco do Cine-Teatro Garrett, foi escrita por Cláudio Gotbeter, encenada e dirigida por Eduardo Faria, que continua a surpreender pela forma como interpreta as artes de representar no outro.

Desta vez, o elenco juntou as actrizes Ana Lídia Pereira no papel de Maria das Dores, Joana Soares a representar Maria do Socorro, e Joana Luna no papel de Esperança.
 
A comédia de humor negro representada pela Companhia Certa armou o imaginário da noite de Passagem de Ano, com Maria das Dores e Maria do Socorro, duas mulheres desgastadas pelo tempo e esquecidas num tempo, que pode muito bem ser o de hoje, encontram-se a celebrar sem grande entusiasmo mais um Ano Novo. Aterrorizadas pela insegurança reinante na sociedade em que vivem, inquietando os que interrogam os dias, fazem uso e abuso dessa virtude cardinal que é a ‘prudência’. No momento em que Esperança bate à porta, são despoletados uma série de receios, e medos nas duas amigas.

São as incertezas que mais se aproximam dos dias que vivemos, mas também nos entram pela casa dentro em formato informação, todo o tipo de negações e tempestades que, olhar a bonança é muitas vezes desconfiar da esperança.

Esperança que nos alerta: “Se eu estivesse em perigo, se me sentisse ameaçada por alguém, não hesitaria em defender-me”.

Curiosamente o tempo que atravessamos obrigou a rigorosas medidas de segurança promovidas pela Direcção Geral da Saúde, como se "A Prudência Morreu de Velha" nos avisasse já do acontecido e até provocasse uma decisão radical por parte de quem tem a responsabilidade de agendar a Temporada Teatral. Era mais fácil suspender ou adiar a arma do humor e da cultura.
 
Em boa hora, decidiram manter e correr o risco de receber ‘apenas’ 50 espectadores, amantes do teatro. Fruto desta certeza e convicção que Eduardo Faria e companhia demonstraram que nos merecem acalorado aplauso. “Em abstrato 50 espectadores para assistirem a um espectáculo de teatro numa cidade com as características da Póvoa de Varzim, pode não ser significativo, mas se incluirmos na equação a necessidade de apresentação de certificado de teste negativo à Covid (que carece de realização antecipada e na maioria das situações necessita de marcação com grande antecedência) ou de certificado de recuperação, acrescido de toda a tensão e constrangimento que a situação pandémica e sobretudo a forma como os dados são tratados e apresentados publicamente, acreditamos que resulte claro para todos, tanto quanto resulta para nós, que no dia de sábado, termos contado com cerca de 25% da plateia do Cine-Teatro Garrett ocupada é, sem dúvida alguma, uma grande vitória da Cultura na nossa cidade” defendeu a Direcção do Varazim Teatro.

Talvez por isso, Maria das Dores tenha revelado que: “O que bate primeiro bate sempre duas vezes”.

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