A Feira de Artesanato e Gastronomia de Famalicão, que soma já 38 edições, ofereceu no sábado, um extraordinário concerto de Uxía, a voz galega que tantos palcos tem percorrido, a divulgar a música que se faz da Galícia para o mundo. Depois, há uma certa irmandade nas canções que desfila em palco, homenageando poetas da sua terra como Rosalía de Castro ou da Andaluzia com Federico García Lorca, assassinado na guerra civil de Espanha pelo franquismo.
Quando deste lado da fronteira, é convidada a enriquecer-nos com a sua língua e sonoridades acolhidas em solo galego, mas também de uma profunda capacidade de nos embeber em ritmos brasileiros ou africanos, Uxía é capaz de nos emocionar com as palavras cantadas por José Afonso, a quem também dedicou e emprestou a voz a uma canção em homenagem ao nosso grande Zeca.
Uxía apresentou-se em palco com o guitarrista brasileiro Sérgio Tannus, na guitarra flamenga o galego Marcos Teira, o percussionista galego Ton Risco e o acordeonista, português, João Gentil. Cada um dos músicos, no decorrer do concerto, deu as mãos a vários instrumentos de cordas e percussão.
Antes da grande voz galega, passaram pelo palco os Pedra D’Agua, que viajaram pelo cancioneiro tradicional português e, em certas ocasiões, puxavam para um pé de dança ao ritmo do folclore. A acompanhar o grupo musical, estiveram três pares do grupo folclórico da Associação Cultural de Lamaçães, e ainda a gaiteira famalicense, Cecília Vieira.
Regressando à senhora que transporta a bandeira da língua como eterna identidade, recordo também Uxía, na 20ª edição do Correntes d’Escritas, a partilhar o palco do Cine-Teatro Garrett com o guineense Mû Mbana e o instrumentista brasileiro Sérgio Tannus. Uma obra-prima para o ouvido, tal como aconteceu em Famalicão.
Por: José Peixoto
