Voz da Póvoa
 
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A Instrumental Música dos Pássaros Encantados

A Instrumental Música dos Pássaros Encantados

Cultura | 1 Setembro 2025

 

A idade de tardar um cinquentenário de edições contínuas de um festival que começou por ser da Costa Verde enquanto dava os primeiros acordes e afinado pelo diapasão da qualidade e da persistência. Antes de Raúl da Costa conheceu dois directores artísticos, o pianista e fundador Sequeira Costa e o professor João Marques. Os anos encantaram-se por centenas de concertos, interpretados por músicos e orquestras consagradas, mas também por nomes que se elevaram no Festival Internacional da Música da Póvoa de Varzim, pelo olho clínico dos seus directores.

Hoje, decorridas 47 edições, é uma referência europeia e mundial, um lugar onde qualquer músico, compositor ou maestro quer inscrever o seu nome. Uma vénia à empresa SOPETE, S.A. na altura concessionária da zona de jogo e responsável pelo Festival, depois à Câmara Municipal que assumiu as rédeas do evento quando a ameaça de um ponto final surgiu, mas acima de tudo à Associação Pró-Música da Póvoa de Varzim e aos sequentes directores do Festival e respectivas equipas que conseguiram criar a cada ano uma metamorfose entre o muito bom e o que para lá caminha, assegurando uma qualidade impar em festivais do mundo clássico ao erudito.

A inquietação e o desassossego do actual director, Raul da Costa, encontrou outros caminhos que nos explicam os afluentes que engrossam os rios e abraçam os mares. Como se a arte fosse capaz de humanizar em cada som, em cada silêncio, houve espaço entre 12 e 27 de Julho, para uma exposição de pintura e escultura de Afonso Pinhão Ferreira, na sala de actos do Cine-Teatro Garrett, para celebrar os 150 anos de Maurice Ravel, e a sua poesia de sons.

Os pássaros são trompetas afinadas, capazes de compor de alegria a vida na terra e dar à solidão uma companhia. Entre pássaros ninguém está sozinho. Em cada canto da sala podíamos imaginar os sons de um solista ou de uma orquestra em banda, em bando. O pássaro seduz pela sua indumentária de penas ou pelo seu canto, tantas vezes inimitável. Chega a ser tão certeiro no ouvido e no olhar que apetece levar para casa, uma tela, uma escultura e tornar o pássaro real. 

Ao artista nada é indiferente, talvez por isso a sua criação, uma encantadora maravilha poética, seja um verdadeiro obstáculo à indiferença. Afonso Pinhão Ferreira voltou a criar das suas e o Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim voltou a surpreender na singularidade.

Por: José Peixoto

Fotos: Rui Sousa

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