Voz da Póvoa
 
...

A Inquieta Suavidade dos Dedos no Piano

A Inquieta Suavidade dos Dedos no Piano

Cultura | 10 Dezembro 2022

 

Na mesma data nasceu Eça de Queiroz, 25 de Novembro, mas o dia sendo já noite foi de música ao piano, no Auditório Municipal. Raúl da Costa respondeu ao convite do Rotary Club da Póvoa de Varzim, e da inquietude das suas mãos saíram as notas das notáveis obras de compositores como John Cage, Mikhail Glinka, Valentin Silvestrov e Modest Mussorgsky.

A sala encheu de pessoas, e de emoções cada vez que do palco soavam acordes e metáforas do imaginário poético dos intérpretes da criação. Raúl da Costa abreviou a paz necessária com subtileza, explicando ao mais comum dos ouvidos que a arte não tem nacionalidade nem fronteiras, vive da distinção entre o ser humano e o animal ou entre o poder criativo de um e a naturalidade do outro.
  
Quando o músico entrou e como peça de lego se encaixou no piano, foi com extraordinária delicadeza que arrancou a sonoridade de cada nota, a harmonia de cada impulso, de cada intenção, como se estivesse a oferecer ao tempo e em cada tempo um momento único e verdadeiro. Creio que Raúl da Costa olha o mundo como se fosse uma pauta onde o já inventado tem sempre espaço para a reinvenção. Depois, respira em cada movimento os silêncios de uma orquestra, como se o público fosse a batuta que o conduz na oferta de todos os ritmos e emoções.

O público aplaudiu de pé e Raúl da Costa agradeceu com o seu regresso por três vezes ao palco, sempre com mágicas mãos e um sorriso de quem também sabe ser natural e pedagógico. 


Por: José Peixoto

partilhar Facebook
Banner Publicitário