Há sábados assim, cheios de livros e de vontade de entrar dentro deles depois de ouvir Aurelino Costa, amigo e conterrâneo da autora do livro “A Guardiã das Coisas Perdidas” e outros contos inimagináveis, de Sofia de Azevedo Teixeira, lançado na Biblioteca Municipal Rocha Peixoto.
“Se indagássemos notarialmente a propriedade extensa dos textos de Sofia de Azevedo Teixeira, talvez dessemos uso ao carimbo “Recoletora”. E aí reconhecêssemos um Castro, onde talvez a vislumbrássemos trabalhado nas operações de têxteis retecelando fios de cores musicais ou incentivando duendes a pentearem sombras, atuando em teatros com público constituído por amigos imaginários.” Inicia desta forma Aurelino Costa o prefácio.
Depois, numa reflexão sobre “A Guardiã das Coisas Perdidas”, apontou como razão principal do desassossego, a nossa capacidade de guardar “temos uma biblioteca no corpo, uma Alexandria habitada”, como se o fogo não tivesse apagado a memória dos livros, mas apenas arrancado da história a intemporalidade do futuro.
Para o poeta Aurelino Costa, “em cada conto de Sofia de Azevedo Teixeira, há muitas possibilidades de espanto”, é a poética romanceada que nos agarra à leitura e nos aproxima da biografia do nosso estar, do nosso receber, do nosso mundo.
Nas palavras do editor das Edições sem Nome, Luiz Pires Reys, “uma obra é vista pelo editor como um objecto com futuro. Ela não existe apenas para ser lida e interpretada, ela é publicada para existir”.