Voz da Póvoa
 
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A Filantrópica Mostra uma Colectiva de Valores Universais

A Filantrópica Mostra uma Colectiva de Valores Universais

Cultura | 30 Abril 2022

O mundo, não sei se para manter esta tradição pré-histórica necessita desta constante agressão, desta selvajaria. Sei que ao humano resta o Ser. Nenhuma ressurreição nos leva à vida eterna, só a morte. Por isso é tempo de perceber que a nossa liberdade é o resultado de muitas prisões, torturas e vidas perdidas, perdidas na morte e na vida. Ao espelho somos capazes de nos ver, convencidos que do outro lado estamos tão iguais na perfeição como nas diferenças.

Ana Romero na sua condição de artista e mulher convidou à reflexão, ao desvio do original, sem deixar de o ser nas mãos e na arte de Afonso Pinhão Ferreira, Armando Bento, Carla Maciel, Cris DK, Luís Troufa, Maria do Carmo Vieira, Délia de Carvalho, Leonel Cunha, Renata Carneiro, Marco Santos e Rosa Bela Cruz. São 12 os artistas como 12 são os meses do ano que nos deveriam tornar Universais em cada partilha.

As portas à intenção colectiva de arte contemporânea, abriram no dia 16 de Abril, na Cooperativa Cultural A Filantrópica, para mostrar ‘Be gentle, exposição em defesa de valores universais’. E “apesar de não termos todos os artistas presentes, as obras não faltaram à chamada”, disse a curadora Ana Romero.

“Em Portugal morrem dezenas de mulheres por ano, vítimas de violência doméstica. Não sendo as vítimas exclusivamente deste género, a preponderância dos números é esmagadora, principalmente se tivermos em conta sobre quem recai, maioritariamente a violência continuada. Cada mulher espancada, violada, assassinada é reflexo de séculos de construção social baseada na diferenciação de género e, nela, da divisão social do trabalho e das estruturas do poder. Basta atentarmos na hegemonia machista que ao longo do tempo histórico tem monopolizado o acesso aos cargos das forças armadas, do clero das grandes empresas e do Estado…” Escreveu no catálogo da exposição o Antropólogo António Lains Galamba. 
 
Olhar o belo dá-nos felicidade, bem-estar, mas a violência representada, mesmo que ficcionada perturba. No olhar magoado dos personagens há grito e música em mutação. Por trás de cada obra existe um autor, tal como o acto de violentar tem uma vítima e um agressor, um ritmo, tantas vezes uma escondida violência. Quem nos conforma a consciência quer muito mais que uma trégua em cada um dos lados. É preciso desconstruir as desigualdades. 

Para reflexão, Ana Romero diz que “a história da arte concedeu-nos visões do mundo, interpretações da mitologia, exposição do sagrado e explicações para a vida. Destas visões plasmadas em milhares de imagens em jeito de desenhos, pinturas, esculturas, gravuras, quantas retrataram a violência sobre as mulheres?”

‘Be gentle, exposição em defesa de valores universais’ até 31 de Maio.

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