Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – notícias de além mar

Turistando Lendas e Lugares – notícias de além mar

Opinião | 22 Setembro 2021

Sentia meu coração a palpitar apressado enquanto esperava pelo embarque.

O Aeroporto Humberto Delgado nunca me pareceu tão tranquilo. Não sei se fruto da pandemia ou apenas pelo remanso que eu trazia n'alma por poder retornar ao seio da família que me gerou.

A viagem foi tranquila. A única turbulência que sofreu foi o oscilar entre o desejo de ir e a vontade de ficar junto da família que eu construí, mesmo que dividida entre o Porto e Lisboa, pois o Rio Grande do Sul foi meu berço, mas Póvoa de Varzim é meu lar.

Ao desembarcar no Aeroporto Salgado Filho e pisar nesse torrão rio-grandense, senti uma onda de energia subir pela minha espinha e se espalhar pelo meu corpo, como se recarregasse as baterias já gastas pelo passar dos anos e também a emoção a contagiar meu espírito ao reconhecer a face do meu tio em meio a multidão.

Abraços! Por breves momentos nos esquecemos do perigo à espreita e nos rendemos a alegria do reencontro.

Já em casa, tia amada, primo querido e mesa farta!

Confesso que não sei do que senti mais saudades: se da família abençoada ou da comida, capaz de trazer tantas recordações da infância e adolescência.

O Guaraná Tupy lembra as tardes com minhas irmãs, a chafurdar na lama como leitões, na casa do meu avô materno e dos seus abraços depois do banho de mangueira. Naquele tempo tudo era folia, e não havia tristeza que apagasse a animação do criaredo.

O arroz de carreteiro lembra casa. Pura e simplesmente!

Casa de pais, casa de tios, casa de avós. Lembra cidade e campo, lembra a herança que todo o gaúcho carrega no sangue, juntamente com o chimarrão, os cavalos, os cães-pastores e o acordeon.

E todo o resto tem sabor de saudade.

A enorme diferença de fuso-horário me obrigou a acordar às 5 da matina e contemplar o espetáculo iridescente da aurora.

Eu, que nunca fui muito de sol, presenciei, maravilhada, através da minha janela, o magnífico astro a invadir a noite, de mansinho, a vestir de dourado o azul profundo, anunciando um novo dia.

Saí da cama e depois de um lento espreguiçar, dei de mão na pena e no papel para vos escrever este testemunho, que dá notícias das terras de cá e atestam a fortuna, sem preço e de valor inestimável, dessa prenda aquerenciada em terras lusitanas e dona de dois corações que dividem um amor, sem tamanho, capaz de unir dois hemisférios.

Amor, pão e saudade são ingredientes fundamentais para a verdadeira felicidade!

Maria Beck Pombo

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