Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – Amor às escondidas

Turistando Lendas e Lugares – Amor às escondidas

Opinião | 7 Dezembro 2021

Toda a gente sabe que dezembro traz consigo, para além do júbilo das festas, uma pontinha de nostalgia.
 
Traz questionamentos acerca do futuro e também do passado.

Faz-nos perguntar para o vento por onde andará aquele amigo querido, que a nossa displicência diante das voltas que o mundo dá, levou para longe dos nossos olhos, apesar de ter seu espaço cativo em nosso coração.

Indagamos a nós mesmos se há pinheiro na sala de estar da casa da avó que já virou uma "estrelinha", como estaríamos se tivéssemos feitos outras escolhas, que não as que fizemos...

As redes sociais transbordam mensagens de boas festas, promessas sólidas para o ano vindouro que, provavelmente, serão quebradas logo na primeira semana e fotografias de lembranças.

Muitas delas! Como se todos quisessem gravar, a ferro em brasa, aquilo que marcou na sua vida antes que o novo ano abra as cortinas para o recomeço.

Foi uma dessas fotografias que despertou em mim um mar de recordações.

A simples imagem de uma piscina circundada por um canteiro de hortênsias de onde se avistava ao longe o caminho até a porteira e o açude.

O meu destino favorito para as Páscoas da minha infância.

Não tardou para que a minha mente fosse invadida pelos riso frouxo das amigas que eu tanto amava, filhas dos donos da propriedade, pelas brincadeiras de esconde-esconde ao pôr-do-sol, quando trepávamos nas árvores a fugir daquele que procurava.

Tempo em que os passeios pelo campo eram terreno fértil para histórias insólitas que criávamos nas nossas cabecinhas e que repetiríamos, por muitos anos, até perceber que nunca aconteceram de facto.

Sempre me impressionou a paciência dos adultos em não cortar as nossas asas e deixar que a nossa criatividade voasse livre.

Hoje em dia os compreendo: a maturidade nos ensina a valorizar os sonhos e a imaginação que vamos enterrando com o passar dos anos. Bem, a maior parte de nós.

Mas meus recuerdos mais caros são das amizades que se esconderam no tempo, algumas para não se achar mais.
 
Permanecem perdidas entre o crepúsculo e a aurora, à espera que alguém retorne à brincadeira.

E, como diz a canção: "qualquer dia, amigo, eu volto para te encontrar".

Maria Beck Pombo

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