Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas de Lugares – Quando sopra o Minuano

Turistando Lendas de Lugares – Quando sopra o Minuano

Opinião | 16 Setembro 2020

Desde muito guria sempre ufanei-me do meu Estado, da nossa Revolução, dessa vontade arraigada de fazer-se Pátria, com todos os seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade...

Eu sempre "engoli a cantiga" dos feitos heróicos praticados pelos Farroupilhas, e espelhei-me no mito de homens que hoje, apenas hoje, aos quase 40 anos de idade, descobri que não valiam a ponta de um corno!

Descobrir a realidade acerca da Revolução Farroupilha, abalou-me de uma maneira que eu nunca pensei ser possível...

Todo o meu discurso separatista baseado numa fábula agarrou-se à minha garganta e fez-me sufocar.

Senti vergonha, quiçá até pena de mim mesma. Senti-me enganada e pior: enganadora!

Pois sim, eu bradei aos céus através dos hemisférios exaltando a fibra, o caráter, a honestidade e os ideais farroupilhas.

Tive vontade de gritar: vergonha de ser gaúcha!

Mas emudeci... Esperei e deixei que a raiva, a vergonha, o orgulho dessem espaço à razão e pus-me a pensar:

Pouco importa se cresci acreditando em rotos heróis! O exemplo do mito, do herói guerreiro, honrado, destemido e forte foi o responsável por formar as pessoas que educaram-me, que ensinaram-me o que é honra, respeito, retidão de caráter e acima de tudo: a diferença entre o bem e o mal.

Quando eu penso nos meus ancestrais e nas lições que tive acerca de lealdade, honestidade, firmeza de caráter, garra e amor à Pátria, eu passo a perdoar todas as mentiras que me foram contadas, que por sua vez, foram também contadas a eles.
E assim, fiz as pazes com meu Rio Grande, e vou continuar a cantar o seu hino e a ensinar aos meus filhos a amarem tanto quanto eu amo esse torrão.

Porque o passado enterrado está, juntamente com a verdade e seus anti-heróis, a realidade do que aconteceu não muda o fato do gaúcho ser sim, um povo unido e a meu ver, muito especial.

Se esse povo é fruto de uma mentira: abençoada seja ela! Quisera eu que todas as mentiras dessem tão bons frutos!

Cabeça erguida, indiada, que ninguém pisa em nosso pala!

 

Maria Beck Pombo

 

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