Quando o poveiro sonha, sonha em grande. E quando a vontade se agiganta como Adamastor, arregaça as mangas e enfrenta a epopeia, mesmo que isso signifique a entrada no livro dos recordes (Guiness Book), com a confecção do maior arroz de sardinha do mundo.
A Confraria dos Sabores Poveiros abraçou a missão e imbuiu toda a cidade em torno deste grande desafio gastronómico, que teve o seu epílogo na manhã deste sábado, na principal sala de visitas da Póvoa de Varzim, a Praça do Almada, um evento integrado nas Festas de São Pedro.
Ultrapassada a maior preocupação da organização, a de encontrar uma grande panela (com 2 metros de diâmetro e 60 centímetros de altura) para cozinhar este típico prato poveiro para mais de duas mil pessoas, foi necessário elaborar “a lista de compras”, por sinal nada pequena, senão vejamos: 120 quilos de arroz, 450 quilos de sardinha, 50 quilos de pimento vermelho, 60 quilos de cebola, 60 quilos de tomate maduro, 20 quilos de alho, 30 litros de azeite, 40 quilos de limão, 25 litros de vinho branco, 2 quilos de pimentão doce, 1 quilo de piripiri moído, 1 quilo de pimenta branca, 2 quilos de salsa e 500 litros de água.
Previamente, as funcionárias da Fábrica “A Poveira” trataram de amanhar os 450 quilos de sardinha e cortar em filetes (225 quilos), seguindo a receita do chef Nuno Nascimento. Pesada a panela e todos os ingredientes, foi tempo de colocar em prática esta verdadeira epopeia, com sabor a mar, perante o olhar atento e a avaliação rigorosa das testemunhas de verificação de evidência (júri).
Nuno Nascimento, Tomás Silva, Arminda Pascoal e Luís Marques lideraram uma vasta equipa de trabalho, constituída pelos confrades da Confraria dos Sabores Poveiros, voluntários da Bolsa Concelhia de Voluntariado e alunos da Escola Profissional do Agrupamento Campo Aberto, de Beiriz. A confecção do maior arroz de sardinha do mundo demorou cerca de quatro horas e a fila de pessoas que quiseram provar esta verdadeira iguaria bem cedo se começou a formar, prolongando-se por largas dezenas de metros.
Pouco depois das 13,00 horas deu-se por concluída a confecção e a panela foi novamente pesada, ditando um total de 1027 quilos, o que mereceu um grande aplauso. E eis que chegou então o momento mais aguardado por todos, o de provar o maior arroz de sardinha do mundo, servido em pratos de barro, alusivos ao evento, que perpetuaram este momento único para a Póvoa de Varzim.
Quem provou (e foram muitos os que quiseram repetir) não poupou elogios ao arroz de sardinha, um prato que, certamente, conquistou muitos poveiros e visitantes de outras paragens.
Apesar da agenda preenchida, o presidente da Câmara Municipal não perdeu a oportunidade de estar presente e saborear o arroz de sardinha. “Está muito bom, embora talvez pudesse levar um pouco mais de sal”, avaliou Aires Pereira, que agradeceu a todas as pessoas que tornaram possível “este momento irrepetível” que poderá inscrever a Póvoa de Varzim no livro dos recordes do Guiness.
Grata pela forma como toda a comunidade se uniu em torno deste grande projecto, Lucinda Campos Amorim, presidente da Confraria dos Sabores Poveiros, deseja que os restaurantes locais passem a introduzir o arroz de sardinha nas suas ementas: “Parece fácil colocar de pé esta grande empreitada, mas não é. Só foi possível graças ao enorme trabalho de muita gente. Somos uma comunidade que se une em torno de causas. Está na alma do poveiro levar o mais longe possível o nome da nossa Póvoa. E esse objectivo foi amplamente conseguido. Estamos todos de parabéns!”.
Agora, resta aguardar pela validação final para que o maior arroz de sardinha do mundo, made in Póvoa de Varzim, possa fazer parte do Guiness Book.
