Voz da Póvoa
 
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A Galeria Ortopóvoa ‘Descorrenta’ a Inquietação de José Rosinhas

A Galeria Ortopóvoa ‘Descorrenta’ a Inquietação de José Rosinhas

Cultura | 24 Fevereiro 2023

 

A casa como lugar do mundo nos chega quando as portas se abrem na direcção do todo. A árvore como construção de memórias eleva-se no vento dos que sabem crescer, desafiando falésias ou precipícios invisíveis ao comum dos olhares, mas bem reais no imaginário criativo de quem nos salva deste desassossego que se chama mundo.

Não, não se trata de incomodar, apenas um reflexo de paisagem, de solidão, de nudez, de saudade ou abraço. Quatro narrativas de um mesmo corpo conceptual que o desenho e a pintura lavram. Com a curadoria artística de Isabel Patim “Descorrenta” é uma exposição de José Rosinhas, com 28 trabalhos, que integrada no Correntes d’Escritas, inaugurou no dia 15 de Fevereiro na Galeria d’Arte Ortopóvoa.
 
“Juntamos aqui a cultura ao trabalho, junta a cultura à sociedade, abre a empresa à sociedade e a sociedade à empresa. Portanto, estas parcerias são óptimas. Quero salvaguardar que é sempre prestigiante para a galeria e para o artista que expõe que a sua exposição integre o Correntes d’Escritas”, referiu o director da galeria, Afonso Pinhão Ferreira, na inauguração da 28ª exposição catalogada.

Quanto à obra de José Rosinhas, um artista conceituado e um curador notável, “parece uma pintura simples, não é simples, mas sintética. Esta exposição de pintura é no fundo a tradução da sua ruptura com o mundo, na verdade o artista que recusa o ruído ouve a sua musa vanguardista. Digo isto porque ele desbloqueia-se de um passado que tinha de artista e faz uma coisa mais simples, mas que tem a ver com uma mensagem que ele chama Paisagem onde inscreve uma saudade que tem do pai, onde inscreve de certa forma parte da sua vida. A verticalidade das árvores representa a maneira de como vê o mundo”. E Afonso Pinhão Ferreira acrescenta: “é a síntese de um sincretismo”. 

Por seu lado, o artista plástico José Rosinhas reconhece a amizade que o une ao director da galeria, mas não duvida que está a expor por mérito próprio: “ O professor convidou o José Rosinhas artista plástico e não o José Rosinhas amigo. Sabemos que o professor tem imensos amigos e nem todos chegam aqui. Acho que é pela minha sinceridade em termos de artista plástico que estou convidado para mostrar um projecto de várias séries. Claro que a chancela do Correntes d’Escritas é uma validação que a própria Câmara Municipal está a dar a todos os artistas que passam aqui”.

O ‘Descorrenta’ pode ser uma libertação da obra: “penso que é estar resolvido em relação àquelas obras que ficaram no atelier ou na casa de alguém, já larguei. Quando nós tiramos as obras do atelier e levamos à loja das molduras e depois para a galeria, para o museu ou para a fundação, nós já nos livramos delas. Podemos continuar a fazer outras séries, envolvermo-nos, mas está resolvido. Estamos a falar de arte contemporânea, um nível muito superior, com o devido respeito pelas outras”.

Para Isabel Patim, curadora da exposição, é um privilégio “colaborar com a galeria e ver novamente uma exposição inserida no âmbito do Correntes d’Escritas. Noto desde o ano passado, um crescimento e maior sensibilidade relativamente às exposições ou às artes visuais, como também uma expressão do Correntes d’Escritas. E é com orgulho que deve ser dito que o senhor professor Afonso Pinhão Ferreira, foi dos primeiros a fazer parte dessa actividade”.

Harmonizar sensibilidades e “trabalhar com o Curador como José Rosinhas, que tem os seus conceitos e está já a imaginar os seus espaços, é desafiante, mas em conjunto todos podemos apreender novas formas de entender aquilo que nos é apresentado”. Ou seja, o lado artístico de José Rosinhas.    

Por: José Peixoto

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